A vontade que
eu tenho é de te morder até sangrar. Esmurrar o seu peito por todas as vezes
que parece não ser eu. Dar o meu melhor golpe e nocautear você. Gritar. Gritar
tudo que escondo atrás das minhas palavras tortas. Chorar todas as lágrimas que
devolvi pra mim, mas que no fim são suas. Por que o que me dói tanto é na
verdade o que eu nunca disse. E o que você não diz já não me importa mais. É o que eu sinto que me incomoda tanto.
É o sentir. E o não saber o que fazer com isso. Me enlouquece. Me põem a prova,
mas eu não sei exatamente o que provar. Pra quem provar. Eu crio segredos sobre
mim, que eu já nem mesma sei como desvendar. Tornam-se segredos até pra mim. E
dói.
Não sei se fico não sei se vou. Vou. Ir vem me
levando. E o que me assusta é que fui sem saber pra onde. Estou indo. Nunca fui
sem saber o destino. Isso me instiga. Me amedronta. Me move. Já não me importa
pra onde. Nem mesmo se terei que voltar. O importante é que fui.
Essa dor que eu sinto, dor gostosa. É um
paradoxo. Onde já se viu dor gostosa? Por que amor deve ser assim. O maior de
todos os paradoxos. Por que amor machuca e
cura. Pode ser que machuque. Irão curar. Com mais amor. Um amor que cure o amor que não foi. Pode ser você. Você que machuque. Você que
cure. Mas isso também não importa.
Vou contar
o que de fato me importa. É que finalmente criei coragem. Coragem pra cair.
Sofrer. Sorrir sozinha. Falar com olhar. Rir até a barriga doer. E chorar
quando a dor for dor de doer mesmo. Por que finalmente apostei. E já me
ensinaram que quando se aposta, ou se perde ou ganha. Estou disposta. A perder.
A ganhar. Mas apostei. Já vi que o fascinante é jogar e não o resultado.
Resultado é só final e o final, bom, o final é só no final. Escrevo outro texto
sobre ele. Agora estamos no percurso.
A verdade é que criei coragem. Coragem para amar. E o que vem depois. Depois a gente vê.
“Eu não procuro alguém pra pertencer e ter
posse, só quero uma fonte segura de amor que não dependa das obrigações, das
falas decoradas, dos scripts prontos. Eu sei que eu abri mão de várias
oportunidades. Sei que fiz pouco caso do amor que me entregaram de maneira pura
e gratuita, só porque eu achava que podia encontrar coisa melhor. Se as pessoas
estão sempre indo e vindo, eu só queria alguém minimamente eterno em sua
duração, que me fizesse parar de achar
normal essa história de perder as pessoas pela vida.
Vou embora querendo alguém que me diga pra ficar. Estou sempre de partida, malas feitas, portas trancadas, chave em punho. No fundo eu quero dizer "Me impede de ir. Fica parado na minha frente e fala que eu tenho lugar por aqui, que não preciso abandonar tudo cada vez que a solidão me derruba. Me ajuda a levar a vida menos a sério, porque é só vida, afinal”
Vou embora querendo alguém que me diga pra ficar. Estou sempre de partida, malas feitas, portas trancadas, chave em punho. No fundo eu quero dizer "Me impede de ir. Fica parado na minha frente e fala que eu tenho lugar por aqui, que não preciso abandonar tudo cada vez que a solidão me derruba. Me ajuda a levar a vida menos a sério, porque é só vida, afinal”
Nenhum comentário:
Postar um comentário