quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Rabiscando na aula de TPG


Entrei correndo na sala. Como sempre, procurando você. O primeiro sorriso universitário do dia  é sempre seu. Minto, algumas vezes o segundo. É que tem dias que você fica com o segundo, por que o primeiro fica pro moço da cantina, que sempre ri sobre o meu pedido: Um yogurt e dois chicletes. Não tem como não sorrir pra ele. O yogurt é para acompanhar meu remédio e os dois chicletes, bom, dos dois chicletes surge a história de hoje.


Vinte poucos anos e dois chicletes

Calor. TPM. MUITA TPM. Regime. Fatura do cartão. Salão. Salário. Coisas que se você analisar bem é o inferno astral de qualquer garota de vinte e poucos anos.Um dia cheio de trabalho. Véspera de prova na faculdade. Semana de feriado pra passar com namorado. Me perdi por alguns segundos ou mais, vendo fotos na internet. Pessoas que conheci que perdi, ou já quis conhecer. Ri das minhas fotos. Me dei conta de quantas coisas já fiz sem pensar, ou fiz e não deveria por ter pensando de mais. Doeu ver fotos de amigas que perdi. Perdi por erro meu, eu sei. Erro que talvez seja, o maior arrependimento que hei de carregar. Pra sempre. Também sei. Achei graça de fotos de desconhecidos, e até invejei a pele bonita da menina do colégio antigo. Admirei nossa foto, ainda com dúvida se ponho ou não como capa do facebook. O telefone tocou. Realidade mandando mostrar serviço. Trabalho. Leio algumas páginas do caderno pra prova do dia seguinte. Trabalho.
Ligo pro salão e resolvo cortar o cabelo e fazer a sobrancelha. Não para agradar o namorado, que só veria diferença se eu fizesse um moicano estilo Neymar e pintasse as sobrancelhas de vermelho. Só resolvi pra me sentir leve. Ah, coisa de menina sabe? Mas se vale contar aqui, mataria a minha cabeleireira se tivesse porte de arma.
A caminho da faculdade pensei no regime que nunca sai. Das prioridades pro salário do mês, que em todos os meses, são prioridades de mais pra pouco salário. Percebi o quanto tais prioridades são pensando no meu futuro. Me orgulhei da mulher que venho me tornando, até me envergonhei de atitudes de adolescente que já cometi. Passado e futuro bagunçando minha cabecinha. O sinal fechou lembrando que no presente eu estava era bem atrasada pra aula.
Vi que meus vinte e poucos anos foram bem vividos. Algumas vezes nem tão “bem”, mas bem ou mal, vividos. Agradeço a Deus por isso. Pois fez de mim o que sou hoje, fazendo pensar em quem ser amanhã. Abri a porta correndo dei boa noite pro professor olhando o fundo da sala, sorri. É que ontem me fez estar aqui, e que hoje compro dois chicletes para o que pretendo ser amanhã.
Pra você, um sorriso e um chiclete ; )

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